gerente de hotel, autor e contra regra.
Mas Zé Gamela também foi ator e diretor de teatro,
além de cordelista com mais de 200 cordéis escritos.
Há muitos anos mambembando pelo Brasil afora com os
mesmos sonhos, dezenas de peças de teatro (destacando-se
as apresentadas no gênero revista, como: “Rumo
ao Ingá”, “Garotas do Bambolê”,
“O Negócio é Fofoca”, “Cartões
Turísticos de Niterói”), além
de oito circos que ele mesmo construiu, também foram
alguns marcos de sua trajetória.
Verdadeiro “vendedor de ilusões”, saiu
do Nordeste com Dety, que com quem foi casado por mais de
40 anos, sempre acreditando que o teatro era do povo. Como
ele mesmo disse em matéria para o Jornal A Tribuna,
de 9 de março de 1989, a idéia de um Teatro
Experimental do Trabalhador (TET) era fruto de um sentimento
saudosista:
“Quero devolver a arte ao povo. Hoje em dia ninguém
tem condições de entrar num teatro desses atapetados!
Quero o simples, fazendo peças que o povo ria e entenda.
No decorrer desses anos, sem temer desilusões, oito
circo construímos, em forma de pavilhões, com
palcos picadeiros onde ganhavam vida nossos roteiros de promover
as mensagens dos artistas brasileiros. Depois de tantas viagens
num bonito mambembar, nesta cidade sorriso escolhemos para
morar, e com amor que constrói fundamos em Niterói
o teatro popular. Jamais nos foi concedida oficial cobertura,
apoio ou subvenções dos tais órgãos
da cultura, que ate hoje são brinquedos, e cabides
de empregos, dessa falida estrutura.”.
A História do Teatro do Trabalhador começa,
assim, em 1956, onde hoje é a sede da Caixa Econômica.
Nos dois primeiros anos o teatro era patrocinado pelo SESI,
que dava ao teatro um financiamento de 15 mil cruzeiros. Com
o lançamento da candidatura de Roberto Silveira a governador,
pelo PTB, o grupo do TET tornou-se fã do candidato
e passou a apoiá-lo de frente, montando inclusive uma
peça (“Rumo ao Ingá”), que lançava
publicamente o candidato. Com a vitória de Silveira,
a subvenção foi cortada e o governador passou
a apoiá-lo através da Loteria do Estado.
No entanto, a perseguição ao TET não
parou com a ascensão de Silveira. Togo de Barros, na
época presidente da CEF, requereu o despejo do teatro,
em represália ao governador. O TET foi para o Fonseca,
e depois para Campos, a pedido do Governador. Lá, sobreviveu
até a morte de Roberto Silveira.
Celso Peçanha, que assumiu no lugar do antigo governador,
e na condição de opositor ao PTB, mandou suspender
a ajuda da Loteria. Zé conseguiu ainda manter o TET
por três meses, não vendo outra alternativa que
não a de vender tudo. Pagou os artistas e operários
que trabalhavam, e hibernou o seu sonho.
Dos fatos mais significativos da história do Teatro
do Trabalhador, Zé lembra o dia em que ele e todo elenco
foram presos, em plena Av. Amaral Peixoto, tudo porque barrou
um soldado que insistia em querer entrar numa encenação
na qual ele aparecia fantasiado de Cristo, Dety de Virgem
Maria, e outros atores de outros santos.
Em 1991, estréia no Teatro Leopoldo Fróes o
espetáculo “Agora eu Vou Contar”,
um humorístico que trouxe de volta aos palcos o ator
Zé Gamela e sua esposa depois de longos anos afastados
do teatro. A peça foi apresentada nos dias 6 e 7 de
outubro, com uma variedade de números cômicos
e paródias políticas tais como: “É
Tempo de Eleição”, “Futebol
Político”, “O Buraco”,
“O Pacote da Previdência”, “Historiando
a História”, entre outras.
O espetáculo era uma homenagem ao comediante Leopoldo
Fróes, nascido ao dia 30 de setembro de 1882 na casa
n°2 da antiga Rua de São Francisco, em Niterói.
No elenco, sob a supervisão de Mário de Sousa
a filha de Zé Gamela, Solange Morse, com o marido,
Niraldo Morse.
O ator e autor Zé Gamela, assim, dos seus oito circos,
trabalhou também nos circos Garcia, Tyane, Merine e
Teatro-show, tendo atuado nas companhias de Vicente Celestino,
Jayme Costa, Silva Filho e Mesquitinha, sempre ao lado de
Dety.
- Depoimento Mario de Sousa
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