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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet
 
 
 
 

 

 
:: Quem é quem » Atrizes » Laura Botelho (1890- 1952)
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Sua vida artística teve início aos 14 anos de idade, na cidade de Petrópolis, no Grêmio Dramático que era dirigido pelo seu saudoso pai Quaresma Junior. Sua estréia deu-se com a peça “Noite de Reis”, de autoria de Artur de Azevedo, onde sua arte de intérprete logo se manifestou, valendo-lhe entusiásticos aplausos do público e da crítica naquela época.

Daí, então, subiu com passos firmes os degraus dos sucessos, construindo com honestidade e trabalho um nome imorredouro, que há de viver pela eternidade, como um exemplo para os novos.

Muitos anos depois, causou-se com Serafim Romão Botelho, também amador e membro da Comissão do Teatro Municipal de Niterói. Radicou-se em Niterói, onde muito fez em prol do engrandecimento do nosso teatro amador. Foi amadora e diretora do Clube Dramático Fluminense, trabalhando por longos anos ao lado de João Pinto, outra expressão brilhante dos nossos intérpretes. Nesse clube, criou inúmeros papéis de sucessos e, quando diretora artística, montou com grande sucesso a comédia “Mimosa”, do grande e não menos saudoso Leopoldo Fróes. Deixando o Clube Dramático, criou o seu próprio grupo, que se denominava “Laura Botelho e seus artistas”, cujos sucessos dos seus espetáculos ainda vivem na memória de todos. Foi o primeiro grupo niteroiense a fazer teatro infantil de gente grande para gente pequena em nossa capital, levando à cena a fantasia infantil “A Princesa Cigana”, onde colheu os louros dos mais acalorados elogios da crítica desta cidade e da vizinha capital, tal a arte com que viveu o papel a seu cargo.

Mas não ficou aí o trabalho e o dinamismo de Laura Botelho. Talvez adivinhando o pouco tempo que lhe restava na vida terrena, quis deixar algo para a nossa capital, e com a colaboração de amigos dedicados, transformou o seu grupo Laura Botelho e seus artistas no Teatro Fluminense de Comédia, que na sua estréia, com a peça “Mas que mulher”, marcou o maior sucesso de teatro amador do seu tempo em Niterói. A última peça que representou foi a fantasia infantil “A Princesa Cigana”, em benefício das obras do nosso Teatro Municipal. O último espetáculo a que assistiu foi “Divorciados”, levado à cena pelo Clube Dramático Fluminense. Sem se descuidar dos seus deveres de esposa, mãe e amiga, foi uma vida inteiramente dedicada ao teatro. Suas últimas palavras para os componentes do Teatro Fluminense de Comédia foram para que este não parasse. E em suas palavras textuais, assim ordenou: “Substituam-me. Substituam a peça. Mas não parem!”

Fonte: Acervo Marisa Alvarenga - Texto de Luiz Maia, 05 de agosto de 1952 (adapt.).
Depoimento Silvio Fróes

Quando tinha quatro anos, já vivia em camarim, coxia..., tudo por causa de tia Laurinha (Laura Botelho) e tio Romão (Romão Botelho), que era o marido dela - um canastrão, como ela mesma dizia. Ele não era muito bom, mas ela... excelente!
Tia Laurinha fez um filme com Bibi Ferreira, tendo sido escolhida pela própria pra fazer a antagonista. Bibi veio aqui ver tia Laurinha e a convidou pra fazer.Infelizmente, esse filme não existe em lugar nenhum, porque a cópia se perdeu, se queimou.
Ao contrário do que dizem alguns, tia Laurinha não fazia só peça infantil, não, tendo inclusive fundado um Grêmio Dramático junto com João Pinto.

Nesse Grêmio Dramático aconteceu assim: as pessoas foram namorando, se casando, e no fim foi uma confusão de “Botelho Calheiros” e “Calheiros Botelho”. Minha mãe, por exemplo, tinha uma prima que era prima pelos dois lados, isto é, tanto pelos Botelho quanto pelos Calheiros. Todos os primeiros namoros tiveram início ali no teatro, e também ali as gerações foram continuando, entre filhas e netos...
Minhas irmãs fizeram teatro amador com tia Laurinha. A sede do Grêmio Dramático era o Teatro Municipal de Niterói, e ela fazia produções... Não sei se naquela época os comerciantes contribuíam com o teatro amador, porque fazia-se produções com cenários absurdos e tudo profissionalíssimo, mas ainda assim partindo de um grêmio amador, onde ninguém recebia: trabalhava-se por amor à arte.
Mas embora todo mundo tivesse outras profissões, tia Laurinha não, ela era atriz. Gabi Calheiros é sobrinha dela, eu seu sobrinho-neto.

GREMIO DRAMÁTICO FLUMINENSE
Depoimento: Gabi Calheiros

Início do século do XX: Grêmio Dramático Fluminense. Dele fizeram parte meu pai Arthur Calheiros, minha mãe Eulina Botelho, e meu tio Romão Botelho. Teatro Amador .
Nesse grêmio alguns atores, ao contracenarem juntos, iam encontrando pares até se casaram, como minha mãe e meu pai, e como tio Romão e Laura Calheiros.
Em 1907, mais ou menos, a peça “A Florista”, assinada pelo autor teatral da época Quaresma Junus, foi estreada com Romão Botelho, que desentende-se com a noiva (Laura Botelho), sai do grêmio e ingressa no Niterói Club – um grupo teatral firmado por Euclides e Rodolfo Ferreira da Silva, Machado Macaco, Facutinga, Olavo e Chiquito Bastos, Regina e Dalila Sá, entre outros.

No entanto, pouco tempo depois Romão faz as pazes com a noiva e volta ao grêmio, apresentando-se nas operetas “A Noiva”, “Cólicas de Matheus” e “Véspera de Reis”.
Depois do casamento com Romão Botelho, Laura passou a ser conhecida no mundo teatral como Laura Botelho e assume um papel importantíssimo, sendo chamada a grande atriz dramática niteroiense.

À época, João Pinto Rodrigues e seus filhos, junto a Romão, Laura Botelho e os filhos do casal – Lucia, Murilo e Bil (José Luis) – apresentam várias operetas. Entre elas, “Os Sinos de Corneville”, a que assisti várias vezes, por volta de 1932.
Além dessa, lembro-me de ter assistido também a peça “Onde canta o sabiá”. Que sucesso!