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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet
 
 
 
 

 

 
:: Quem é quem » Atrizes » Marilene Calheiros
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Eu comecei no Colégio Universitário da UFF, em 1967, onde eu fiz um texto de Drummond. Eu comecei ali, com minha irmã Marisa Alvarenga e meu primo Silvio Fróes. Esse grupo era muito específico naquele momento.

Entramos na faculdade no ano do vestibular mesmo. Eu comecei fazendo Direito em ’68, e em ’69 passei pra Ciências Sociais. Lá eu conheço Gondin – Jose Carlos Gondin –, que nessa época já era

militante, junto a Marisa. Ele fazia letras, e depois descobri que também faziam teatro, e foi a partir daí que eu me envolvi nesse grupo.

Então a gente começa no Grupo Laboratório ainda no início da faculdade, em 1969. A peça era “O Futuro está nos Ovos”, premiada no Teatro Municipal – seis prêmios ao todo.
No início, o Laboratório era formado por Gondin , Paulo César Pinheiro, Marisa, Maria Lucia Gelosky, Eliana Bueno, Tonico Pereira, Vera Pestana e Antonio Carlos De Caz . A parte musical ficava a cargo de Ronaldo Souza.

Com eles, fiz “Prometeu Acorrentado”, em 1971, “Achthung”, dois anos mais tarde, e “O Encoberto”, em 1976. Lembro de ganharmos vários festivais, entre os quais o de Arcozelo. Na verdade, a todos os festivais que íamos, ganhávamos.
A estrutura do grupo era assim: tinha o diretor, que era Gondin, mas todo mundo fazia tudo. Todo mundo resolvia o que montar, discutia e estudava muito. Estudava autor, linha, gênero, época. Não sei se era o espírito universitário que estava presente, mas a gente estudava bastante e tinha bastante consistência do trabalho que ia fazer. E tudo muito democrático: a gente conversava, a gente opinava, todo mundo cantava, dançava, representava.

Mesmo assim, em algum momento dos anos ’70 há uma dissidência, o grupo se separa e alguns componentes fundam o Grupo Corpo Vivo.
Além de mim, dele participaram Minoru Noyama, Lilza Soares e José Fernando Figueiredo. Esse grupo fez apenas um trabalho: “Medidas Desiguais”. No trabalho seguinte, “A Dama de Copas e o Rei de Cubas” (1981) – que eu ensaiei, mas não estreei porque estava grávida – a gente se une novamente ao GRITE e daí surge o novo nome: GRITE- Corpo Vivo.

Mais tarde, com essa nova junção, Dema – Ademar Nunes – assume a direção do grupo.
Mas mais ou menos nesse período a gente parte para montagem infantil, e fazemos “Em Busca do Tesouro”, em 1982. O grupo era de todo mundo: meu, de Marisa, de Mariângela, de Minoro, de Arthur. Foi a parte do GRITE e do Corpo Vivo que queria fazer infantil. Além de “Em Busca do Tesouro”, fizemos também “O Rato Roeu a Roupa do Rei de Roma”, que, aliás, foi o primeiro, em 1981, época em que a gente se descola do teatro adulto e começa a fazer infantil. E continuamos: dez anos depois, por exemplo, fizemos “A Viagem de um Barquinho”, de Sylvia Orthoff.

A partir de 2001, começo minha carreira como diretora do grupo teatral Trupeniquim, junto com Lilza Soares e minha irmã Marisa Alvarenga. Desse Grupo fazem parte: Mariana Molina, Priscila Kohwalter, Paulo César Filho, Renata Tavares, Zezo Soares e meu filho Samon Noyama.

Nosso primeiro trabalho foi “A Prova”, fruto de uma discussão coletiva sobre ética e cidadania e escrito por uma das integrantes do elenco, Gabriela de Melo Barbosa, hoje afastada do grupo. “A Prova” foi apresentado em universidades, escolas e calçadas culturais, suscitando debates acalorados sobre o tema.

No fim das contas, chego à conclusão de que o teatro sempre fez parte da minha vida, porque a gente (eu e minha irmã) fazíamos em casa, desde pequenas. Mamãe ensaiava a gente o tempo todo, porque todo dia tinha peça, e chamava todo mundo pra assistir. E é a partir daí que fica aquele vício né, de você não querer (nunca!) parar...