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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet
 
 
 
 

 

 
:: Quem é quem » Grupos » Dois Pontos
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» Fase familiar
Luiz da Silveira Simões Couto, advogado e bancário, atua no teatro amador desde quando era estudante, em sua cidade natal (São Gonçalo) e também Valença, onde estudou na Escola do Trabalho. Na fase de noivado e casamento, organizou várias encenações nas cidades de São Gonçalo e Teresópolis, juntamente com sua esposa Adaltiva Amarante Simões Couto. Em seguida, ao longo da década de 1950, estudou nos cursos oferecidos pelo Teatro Duse, orientado pela diretora russa Nina Ranevsky, e também pelo discípulo de Paschoal Carlos Magno, o ator José Maria Monteiro, que ali se iniciava como autor e diretor. Constituindo uma família de seis filhos, Luiz Simões dividia-se entre o trabalho no Banco do Brasil e o estudo na Faculdade Nacional de Direito, onde se formou em 1961. Nas poucas horas vagas, escrevia alguns textos para teatro ("Um anjo na minha cama", entre outros) e também textos curtos para a TV (um de seus textos, O Lobisomem, foi encenado no Grande Teatro Tupi), além de pequenas participações como ator em cinema, como nos filmes de Nelson Pereira dos Santos: Rio 40 graus e Rio Zona Norte.
Somente voltou a ter maior contato com o teatro após se aposentar do Banco do Brasil, justamente quando seus filhos mais novos, eu e Luciene Simões, começávamos a nos envolver com a atividade teatral por caminhos distintos. Luciene estava atuando no grupo teatral de Luiz Zaga (no espetáculo "O Dragão de Bondade", entre outros), e eu no Grupo Tatibitati, criado a partir da iniciativa de alunos do Colégio Salesiano Santa Rosa.

Na casa da família Simões, no dia 15 de agosto de 1982, foi oficialmente fundado o Grupo Dois Pontos, como uma sociedade civil sem fins lucrativos, com estatutos redigidos por meu pai e em cujo registro no Diário Oficial aparecem como sócios fundadores: ele, Luiz da Silveira Simões Couto (presidente); Rita de Cássia Andrade Simões (secretária); Liane Maria Simões Borges (tesoureira); Adaltiva Amarante Simões Couto; eu, Leonardo Amarante Simões, minha irmã, Luciene Amarante Simões; e Sonia Regina Rodrigues Bessa.

A oficialização intensificou as atividades do Dois Pontos, que no mês seguinte já apresentava no Teatro Leopoldo Fróes o primeiro texto escrito e dirigido por mim: o musical infantil "Acalanto", com o seguinte elenco: eu, Leonardo Simões; Luciene Cagliari; Adilson Nascimento; Analice Navarro e Gabriel Simões.
Na mesma temporada seguiu-se um infantil, com texto e direção de Luiz Simões: "Lobo Mau cara de Pau". No elenco, eu, Carla Bessa, Adaltiva Amarante, Jaqueline Silva, Roberto Muniz, Wellington Almeida e Gerson Araújo. A família estava toda envolvida: os figurinos eram de Adaltiva Amarante; Luciene costumava auxiliar meu pai na direção e cuidava da sonoplastia, com o apoio de Guilherme Azevedo (filho do ator Luiz Zaga).
Já em 1983, o Grupo Dois Pontos passou a ter um CNPJ e a produção se ampliou. Em maio, estreamos "Pluft, o fantasminha", de Maria Clara Machado, no Teatro Leopoldo Fróes, então dirigido por Hipólito Geraldes. No elenco: Leonardo Simões, Maguinha Nattari, Jaqueline Vermont, Luiz Simões, João Peçanha, Adilson Nascimento, Cláudio Handrey, e algumas crianças da família como figurantes, encorpando o coro dos marinheiros-fantasmas que eram feitos por bonecos suspensos: Marcos Alexandre, Gabriel Simões e Samanta Simões, entre outros. Na coxia, Leysa Vidal auxiliava como contra-regra e Luciene Simões na operação de som.

No horário adulto do mesmo mês de maio de 1983, no Teatro Leopoldo Fróes, estava em cartaz o espetáculo adulto escrito e dirigido por Luiz Simões ("Zingrifix, Deus ou Astronauta"). Estudos feitos por Erich Von Danniken em seu livro Eram os Deuses Astronautas eram citados. O elenco reunia: Luiz Zaga, eu, Luiz Simões, Adaltiva Amarante, Rita de Cássia Simões, Luciene Simões, Jacqueline Vermont, Sonia Bessa e Lincoln Simões.

No ano de 1983, meu pai e minha irmã Luciene realizavam o último espetáculo diretamente ligado a essa fase familiar do Grupo Dois Pontos: "A Bruxa da Montanha Azul", que trazia no elenco: Adilson Nascimento, Rosane Moreira, Luís Cláudio, Cecília Aroztegui, Yallis Garcia e Marcus Erval. Assim, em 1984, estreava no Teatro Municipal de Niterói o infantil com trilha sonora com melodia de Paulo Cesar Oliveira e letras do autor do texto, Luiz Simões, também diretor.
Iniciando uma transição do Grupo Dois Pontos, enquanto eu me dedicava aos espetáculos relacionados aos meus cursos e a Universidade, Luciene Simões dirigiu e produziu o musical infantil "Seu Sol, Dona Lua", de Marcos Sá.

» Projeto Livro em cena
No fim de 1987, decidi reativar o Grupo Dois Pontos, mas queria evidenciar uma nova fase, distinta daquela característica familiar e amadora, conferindo à empresa um caráter mais profissional. Criamos o Projeto Livro em Cena, na intenção de adaptar para o palco títulos utilizados nas escolas como livros extraclasse.
Durante o Carnaval de 1988, adaptei O Mistério de Feiurinha, de Pedro Bandeira, e começamos a ensaiar logo em seguida. Naquele ano, havia um movimento teatral na cidade, liderado pela dramaturga e diretora Anamaria Nunes, que exigia a abertura de novos espaços. A base dos artistas que se engajaram nesse movimento foi um antigo casarão em Charitas, que por um curto período abrigou atividades culturais, sob o nome de Casarão das Artes. Lá, em clima de ocupação política, aconteceu a temporada de estréia do espetáculo "O Mistério de Feiurinha", que viria a ser, por muitos anos, o carro-chefe do repertório do grupo. No elenco, apareciam nomes que compõem uma safra especial, alguns dos quais continuam suas carreiras nos palcos regionais e nacionais. Entre eles, Guilherme Guaral, Marcos Ácher, Rosane Moreira, Eleusa Mancini, Carla Bessa, Carmen Frenzel, e Bia Gemal.
Ainda em 1988, "O Mistério de Feiurinha" faz nova temporada no Teatro Municipal de Niterói. Logo em seguida, o espetáculo emendou uma temporada no Teatro Abel, fazendo depois participações nos festivais de teatro de Resende e de Niterói, onde foi premiado em dez das onze categorias. Desde então, a peça não parou mais, e, já em 1990, durante temporada no Teatro da Cidade, na Lagoa (Rio de Janeiro), foi indicada ao Prêmio Coca-Cola de Teatro Infantil como melhor texto.
O segundo espetáculo do Projeto Livro em Cena foi minha adaptação para o livro de Cecília Meirelles, "Ou isto ou aquilo", em 1989. Nesse período, o Grupo Dois Pontos havia estabelecido uma parceria com o Museu do Ingá, ocupando seus espaços com oficinas e uma intensa atividade teatral, ensaiando e apresentando seu repertório. Nessa fase, propus que os atores interessados também assumissem a direção de novos espetáculos. Foi assim que surgiu a montagem de "Ou isto ou aquilo", encenado por Guilherme Guaral. As músicas foram especialmente compostas por Rixa, a partir dos poemas de Cecília Meirelles. O elenco era composto por: Marcos França, Carmen Frenzel, Daniella D’Andrea, Geraldo Madeira, Valmyr Ferreira; Patrícia Gregory, Jana Daudt, Renata Mafra, Márcia Correa e Castro, Marcos Ácher e Fernanda Guedes.
Esse espetáculo também passou por diversos teatros, como o Leopoldo Fróes, o da UFF, o Abel e o Teatro da Cidade, sendo que neste houve uma programação conjunta com "O Mistério de Feiurinha", em horários seguidos. Como todo grupo de teatro infantil, a grande base de sustentação eram as apresentações para escolas, geralmente realizadas no Teatro Gay-Lussac, no bairro de São Francisco. Por essa agenda movimentada (em 1990, o Grupo Dois Pontos estava com três espetáculos simultâneos em cartaz), diversos outros atores como Cássia Coutinho, Alexandre Xavier, Tadeu Freire, Luciana Pimenta, Isabela Lopes, Luciana Terra e Paulo Heusser agregaram-se ao grupo. Todos tinham, em geral, as minhas oficinas e cursos como porta de entrada.

» Projeto em Preto & Branco
Em 1991 o projeto Livro em Cena dá uma parada e começa o Projeto Em Preto e Branco, que é a terceira fase do grupo, que ainda continua como Dois Pontos, mas perde a identidade familiar. Nessa fase tem mais uma renovação de elenco, e montamos "O Encontro de Machado de Assis e Arthur Azevedo". A primeira montagem é em 1992, no Museu do Ingá. Ficamos por lá por dois anos. O segundo trabalho desse projeto foi “Várias Histórias”, que eram três contos do Machado feito no Museu Antonio Parreiras.
No ano de 1994, eu já estava dando aula no Colégio Itapuca, já tinha terminado a faculdade, e já tinha passado no concurso pra UFF. Parei com o grupo por questões pessoais – o acidente do meu filho, da minha esposa, e também porque vi que o Grupo Dois Pontos já tinha mesmo acabado. Você pode manter a marca, mas a essência são as pessoas.

- Depoimento: Leonardo Simões