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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet
 
 
 
 

 

 
:: Quem é quem » Grupos » Grupo Laboratório
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Quando entramos para o Grupo Laboratório, éramos estudantes, recém chegados a UFF (Universidade Federal Fluminense). A maioria de nós vinha de História, alguns de Direito. O objetivo era fazer teatro voltado ao estudo. Fazíamos esse trabalho para apresentar nas faculdades, um trabalho revolucionário. Começamos a pensar nos textos. Eram mais de 60 pessoas no Laboratório, subdivido em três grupos: o da Imara Reis. O do Gondim (José Carlos Gondim) e o do Dema (Ademar Nunes)-. Desses, surgiu um quarto, o da Maria Luisa. Eram grupos de atores que se reuniam para estudar um autor e depois fazer uma dinâmica. Primeiro, apresentávamos para a comunidade da UFF, depois para o público. Laboratório era isso: pesquisa e estudo de autores de teatro ou de literatura. Podia ser da Historia do Brasil como Dema fez com Anchieta e Tiradentes.

O Laboratório, caso tivesse oportunidade se apresentava, senão, ficava no estudo mesmo. Começamos a pesquisar Hilda Hilst e dentre suas peças selecionamos Verdugo. A mentora desse subgrupo era a Imara Reis, fundadora do Laboratório ao lado de Marisa Alvarenga, Marilene Calheiros e Tonico Pereira.

O Tonico tinha um grupo que trabalhava o Ariano Suassuna. A Maria Luisa e o Vicente de Persa trabalhavam o José Vicente. O Dema ficou com Brecht e novos autores argentinos. Outra parte do grupo pesquisava novos autores brasileiros. Hilda Hilst por exemplo. Eu participava de vários grupos.

As diferenças no grupo Laboratório eram grandes. Existiam os fiéis a uma estrutura politizada, os que queriam a politização, mas com comicidade. A parte séria se imaginava que as pessoas não iam agüentar. Era a realidade nua e crua. E o outro lado, o politizado com pique de comédia, fazia um humor político, que na época era proibido. Foi assim com "Marginália" ( 1971), peça de Nielsen Petersen e Mauro Dias, no finalzinho do Grupo Laboratório. A peça era totalmente “incorreta”.

No enredo da "Marginália", a liberdade chega à cidade como a Estátua da Liberdade e ela não cabe na cidade porque a base é enorme, então é preciso explodi-la, ou melhor: explodir a liberdade. “Vamos mostrar tudo errado, pra você notar o que deveria ser o certo”. O Nielsen queria exatamente isso, e por esta razão foi muito questionado, acusado de ter uma visão alienada. E não era. Nunca foi. Ele foi muito mal interpretado com relação a isso. Algumas pessoas não concordavam que Nielsen participasse do grupo, por sua linha anárquica e de liberação sexual.

O “Grupo Laboratório” terminou porque muitos dos componentes tinham o objetivo de estrelato, de ir para televisão. O próprio Gondim não continuou. Quando o grupo acabou, ele foi pra TV Educativa. Foi nesta época que o Laboratório começou a ter os subgrupos. Mas os únicos que realmente deram continuidade a esse tipo de trabalho foram o GRITE e o Corpo Vivo.

O GRITE - Grupo Independente de Teatro - com direção de Ademar Nunes, acaba com a idéia de: “Vou pesquisar e me apresentar para amigos”. Já pretende “fazer um trabalho de gabarito, mas para o público”. Dos trabalhos do GRITE, destaco: "Achtung" (1973)," A Peste" (1974), "O Encoberto" (1976) e "A Dama de Copas e o Rei de Cubas”(1981).

Depoimento: Evans Brito - Ator/Diretor