Comecei
a fazer teatro em 1973, aos 7 anos, em “Branca
de Neve”, no Teatro SESC-Niterói. Fazia
um dos sete anõezinhos. Era o Zangado. Na época,
fui levado pela minha irmã, Cristina Fracho, que
tinha 17 anos e já era atriz. Esse espetáculo
tinha a direção de Conrado Freitas.
Aos 10 anos, fiz um espetáculo chamado “Dancing
Show”, com direção do Paulo Werneck.
Estreamos no Leopoldo Fróes e depois fomos para
o Teatro da Galeria, no Rio. A peça reunia quadros
de grandes histórias clássicas infantis
e eu entrava de elenco de apoio.
Aos 14 anos, comecei a procurar cursos, como o do CAT
(Centro
de Arte do Tempo), em Botafogo, com a Jaqueline Laurence. Em Niterói,
fiz o primeiro curso do Leonardo Simões na Escola Santa
Bernadete, nos anos ’80, e também com Amir Haddad.
Foi fundamental fazer o curso no Colégio Salesianos
com Ricardo Howatt. Montamos “Fuenteovejuna”,
de Lope de Vega. Ricardo Howatt era professor da escola e
tinha um curso que tinha uma gama de alunos interessados.
Eram três turmas que faziam espetáculos ali.
O sucesso de “Fuenteovejuna” foi tão
grande que nós decidimos levar para fora do colégio.
Foi a primeira vez que pensei em produzir.
Fizemos o espetáculo no SESC-Niterói, e numa
das apresentações a Maria Luiza Macedo me assistiu
e me convidou para fazer “Quem Pintou meu Faraó
de Verde?”, Prêmio Mambembe 1986. Então,
fui para o Rio e a carreira deslanchou. Ficamos um ano e meio
no Teatro de Bolso Aurimar Rocha com essa peça.
Tempos depois, em 1987/88, fui convidado para “Apareceu
a Margarida”, dirigida por Carlos Camarine. Era
um monólogo, e tinha todo aquele peso de Roberto Athayde,
da Marília Pêra, e eu com apenas 21 anos já
fazendo á enfrentando aquilo. Fizemos por dois anos
em escolas, circuito SESC e no Teatro Eduardo Kraichete. Lá
fiz um grande espetáculo para classe, e aí as
pessoas, definitivamente, viram quem era o Carlos Fracho.
Hoje,
acho que o meu compromisso com o teatro é, claro, formar
platéia, mas também passar uma mensagem importante
para essas pessoas que saem das suas casas, mesmo que seja
só para se distrair. No teatro elas vão ser
alimentadas de informação, de cultura, de diversão...
Na verdade, sempre achei que o teatro tem muito esse poder
e esse papel.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
Meu processo começa pela escolha do texto. Sou muito
intuitivo, vi e vejo muito teatro, e isso me ajudou muito,
ver tanta gente, tantos expoentes, tantas pessoas incríveis
no nosso país fazendo teatro. Não tenho nada
tão específico, monto o que eu quero na minha
cabeça e vou dando a linha do que eu acho bacana. Como
diretor, sou muito generoso e muito calmo, a ponto dos atores
puxarem a minha orelha. Acho que eles querem um pouco mais
de energia, mas sei, exatamente, o que quero. Faço
a distinção entre direção de espetáculo
e direção de ator. A direção do
espetáculo vem primeiro: é o desenho, o que
me diz o que eu quero saber e o que vou fazer. Mas a direção
do ator também é fundamental. Gosto de dirigir
o ator, de pegar o barro e moldar como acredito que seja esse
personagem. Encontrei na minha vida vários atores e
atrizes abertos a isso, outros mais reticentes, tivemos um
pouquinho de choque, mas posso dizer que 90% do meu trabalho
sempre foi muito bom.