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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica
e Produção Cultural para Internet
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Quem é quem » Diretores » David Varella |
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Quando
fiz assistencia de direção de“O
Auto da Compadecida”, nos anos 1990, já
era muito maluco. Afinal, eram 14 egos, todos se achando
a sétima maravilha do mundo. Quando Ronaldo Mendonça
me chamou para assistir a direção, eu
aceitei, mas dizendo que ele já tinha deixado
a confusão acontecer. Por isso, pedi um mês
para ajeitar as coisas. Separei por cena, não
juntei todo mundo, só no final. É muito
engraçado, já que cada um tem que ser
levado de um jeito: um é no grito, outro, é
no confronto, outro no elogio, outro na competição...
Tanto era assim que, no início, não consegui
tirar nada |
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de
Dudu – Eduard Roessler – e nem de Ricardo
Sanfer, mas quando os coloquei para disputar, deram
um show.
Outro que acho excelente ator é o Marcello Caridade,
tem um instinto teatral, sacação. Mas
é diferente do Dudu, que é inato. Marcello
criou essa sagacidade cênica que ele tem, além
de estudar muito. Dudu é autodidata.
Antes, também dirigi o texto da Anamaria Nunes,
“Numa e a Ninfa”, em 1984. Num dos
ensaios, fiquei nu, porque tudo era tão ruim,
que nem minha nudez poderia ser pior. Perguntei: “vocês
têm medo de que? Por que não fazem absolutamente
nada?”. Aquilo foi uma descoberta, de como o nu
é complicado para determinadas pessoas: assusta
e desperta reações que libertam. O texto
vinha, então, com força. Foi muito bom
fazer aquilo. Mas a Ana começou a se meter demais
na história. É difícil dirigir
e ser dirigido...
Como diretor, fiz ainda compilação dos
poemas da Glória Horta, e que foi um barato!
Selecionei 19 poemas de três livros da Glória
nos quais ela fala da mulher. Os poemas se entrelaçavam,
num roteiro com Stella Fracho e Irene Dechamps. Trabalhamos
um mês, porque acho que um mês, quarenta
dias, é o tempo ideal para se ensaiar um espetáculo.
Depois, fica podre, cristaliza, não acrescenta
mais nada. Foi um espetáculo lindo, e fomos até
convidados para São Paulo. Mas aí aconteceram
alguns problemas de produção: como eu
ia para São Paulo com mais duas atrizes? A gente
se apresentou aqui, naquela noite cultural do Paschoal
Carlos Magno. Eram 60 lugares e para fazer uma vez só,
mas o negócio repercutiu de tal forma que fizemos
quatro apresentações. Eram 19 velas, que
iam se apagando conforme os poemas eram lidos. A Glória
Horta ficou emocionadíssima!
Ao longo da minha trajetória, criei fama de ser
uma pessoa muito crítica, e por isso as pessoas
não querem trabalhar comigo. Não convido
ninguém, porque não sei produzir, e o
que tenho lido não me emociona ao ponto de querer
encenar. O sonho da minha vida era remontar “Os
Rapazes da Banda”, mas com a visão
de 1960, com figurinos de 1960, para contar a história
de década, nada de readaptar. Mas eu não
acho o texto em lugar nenhum, além de me dizerem
que os direitos autorais são caríssimos!
Mas mesmo assim, se eu conseguir achar, até penso
em investir do meu bolso e fazer mesmo acontecer.
David
Varella - Ator
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