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Esta obra foi selecionada pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet
 
 
 
 

 

 
:: Quem é quem » Diretores» Marcello Caridade
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Em 1997 eu ganho o Prêmio Mambembe de Melhor Espetáculo Infantil com "Uma professora muito Maluquinha". Acho que esse é o meu marco como diretor. Eu comparo o meu trabalho com todos os diretores que eu tive e aproveito muito.

Foi o que aconteceu na Professora Maluquinha, em 1997, em que eu fui indicado como Diretor. Nós tivemos três meses de ensaios patrocinados e eu tive um mês só de laboratório com os atores pra experimentar,

descobrir a criança. Apesar de ter uma coreógrafa assinando o espetáculo, eu sempre meti a mão na massa.
Acho que quando eu coreografo, eu sou o diretor coreografando, e então eu estou coreografando os personagens, não os atores. Por isso tem muito ator que não precisa dançar. Eu fiz musical muito tempo e nunca dancei. Quem sempre dançou no meu lugar foi meu personagem. Sempre cantei com a voz do personagem. Eu sempre falo pros meus alunos: “quem vai cantar e dançar é o seu personagem, não é você não!”.

Em "As Desgraças de uma Criança", de Martins Pena, com direção do Wolf Maia, em 1998, eu vou pra lá como stand in que tinha que fazer os três personagens masculinos. O que é legal, é que eu passei um mês no fundo do teatro anotando as coisas, marcas, tudo que eu tinha que aprender dos três personagens.

O Wolf não sabe, mas, ele me deu uma aula de direção durante aquele um mês e meio. O melhor ator é o observador. Eu não tive aula de nada. Eu aprendi a dirigir, a escrever e a coreografar vendo; observando.
Eu acho que é isso que essa nova geração de atores tem que entender. Talvez o novo ator, e é bom que ele leia isso, tenha a maneira dele de inventar seu processo de criação, e não achar que vai encontrar tudo pronto. Eu sou a favor de cursos de teatro em que o ator experimente.

Quando eu vou montar um espetáculo, eu tenho ele na minha cabeça, tenho o meu ritmo e trabalho na pressão, porque é humor, é ritmo. Não pode fazer cinema dentro de uma comédia. Mas às vezes alguém surpreende, aí vem jogar junto comigo, cada um traz a sua identidade, aí eu tenho o desenho da cena, mas eu vou fazendo outras coisas dentro daquele desenho que eu tinha já estipulado. Então, na verdade, no início eu sou meio general, mas aos poucos eu vou sendo generoso, e no final eu vou virando um ceifador de exageros para que tenha um ritmo certo.

O espetáculo de Marcello Caridade tem a assinatura de Marcello Caridade; porque se pingam assinaturas o espetáculo não ganha uma identidade. Todos podem criar, mas alguém tem que amarrar no final e assinar embaixo.

As pessoas falam que a função social do teatro já acabou há muito tempo, mas talvez essa seja a nova função social do teatro, de levar você a querer aprender alguma coisa, de resgatar, de entender sua vida porque que ela é assim.
Na companhia ideal, todos têm objetivos, todos têm sonhos. Agora, eu tenho que saber se o seu sonho combina com o meu.

Ator | Cia de Repertório | Cia Teatral